domingo, 6 de junho de 2010

Experiência vivida, experiência sofrida.

Escrevo este livro,como se fosse a última vez que falasse com alguém "CARPE DIEM "como diz o velho ditado,esperando que compreendam e entendam como é estar entre o abismo da vida e da morte.
Ser uma pessoa no auge da vida é muito bom,nós sentimo-nos vivos,fortes,que temos forças até para agarrar o mundo inteiro sem pestanejar.Contudo,há surpresas inesperadas,surpresas essas,que podem ser boas e que também podem ser más.As boas,nós claro que gostamos e até queremos mais,quando más,essas!!!Claro que essas não queremos,rejeitamos e reagimos de uma maneira particular.
Mas porque somos assim? Pergunto?
E respondo,pois somos assim,porque o ser humano nunca quer nada de mal para si,quer sempre estar bem com a vida e quando se depara com uma situação grave,por vezes nem sempre sabe o que  fazer, o que dizer, enfim,simplesmente não reaje.
Digo isto,porque eu própria sou um ser humano ,que não sendo diferente dos outros,também reajo mal,reaji mal.

Pois...
Voçês devem de estar a questionar o porquê, de eu Nádia Ruivo de 31 anos de idade,estar a dizer o que disse anteriormente.Pois foi uma maneira de começar a descrever,em modo de desabafo,uma etápa da minha vida e o quâo difícil foi ultrapassá-la.
Começando então,desde já vos digo que desde pequena,que a minha vida nunca foi fácil para mim,nunca tive nada de mão beijada e tive que lutar para obter muita coisa que obtenho hoje. Eu sinto orgulho por isso, mas ao mesmo tempo sinto raiva da vida, pois acho que foi e tem sido muito dura comigo e dá tudo a quem não merece.
...Sim é verdade...a vida por vezes é muito injusta...eu que o diga, tive algumas peripécias na minha e a última,foi simplesmente dolorosa, desgastante e foi de tal maneira má e marcante,que senti necessidade de falar com com voçês caros leitores, sim com voçês...Esperando deixar uma mensagem gratificante a quem tenha a doença que eu tive,que dê forças e vontade de viver acima de tudo e que quem quem não a tem,que compreenda o que é passar por isto, ou seja, a dor de se sentir inútil e sem vontade para nada.
Pois a mim,aconteceu o infurtúnio de ter tido cancro (de baixo grau) nos ovários, em que o meu sonho de ser mãe acabou.
Tudo começou num exame de rotina,em que me detectaram um quisto de 8cm em 2008, perante essa situação a minha médica enviou-me para o hospital para ser operada. Fiz então todos os exames que tinha que fazer,em que num deles acusou que era portadora do vírus da sida. É claro que fiquei desolada e só chorava,pois não era possível sendo eu tão jovem e sem problemas de saúde nenhum. Fiz por sua vez a contra-análise e ficou específico que não passava de um engano das primeiras análises.
Foi então que se marcou a 1ª operação em que retiraram o tal quisto que se encontrava dentro do ovário esquerdo que já teria cerca de 11,6cm. Fiquei de repouso 2 meses até que me ligaram do Hospital a dizer que tinham novidades para me dar.
Desloquei-me até lá com a minha mãe, para saber o que era. Foi então que o médico me disse,que o que tinha infelizmente era maligno e que se não fosse operada novamente,que iria durar cerca de 2 a 3 anos de vida,pois já tinham retirado o mal com sucesso mas que esse mesmo mal,teria deixado células cancerisnas que iriam acabar por me matar rapidamente.
Fui então operada a 2ª vez,em que a operação durou cerca de duas horas e meia,para me retirarem o único ovário que eu tinha e que me poderia levar um dia a ser mãe biológica.
Perante esta notícia,fiquei desolada,petrificada,sem reacção e a minha vida deixou de ter qualquer sentido...Doeu-me muito...Mas o que mais me doeu? Foi ver a dor de uma mãe (a minha) , implorando para que a doença fosse antes para ela.Acho que nunca tinha sentido uma dor assim tão forte no meu peito.
Depois soube que tinha que fazer Quimioterapia e que o meu aspecto iria alterar,ou seja,que me iria cair o cabelo,as pestanas,as sobrancelhas,ect...Quando isso aconteceu,senti-me uma estranha comigo mesma,que senti-me um pequeno monstrinho. Mas até um monstrinho tem direito á vida,não é?
Foi aí,que me fiz á vida e lutei sempre sem parar,pois a minha vontade de viver era mais forte,a vontade de de contruir os meus sonhos com a pessoa maravilhosa que tenho ao lado e ir trabalhar e de reaver todos os meus colegas de trabalho também.Em suma,a tudo eu me agarrava para viver e a doença desaparecer,inclusivé cuidar da minha avó ,enquanto fazia quimioterapia,pois ela teve também que ser operada para pôr uma pilha no coração.
Como vêem,tudo tem solução quando a vontade é maior e quem estiver a passar o mesmo que eu passei,levante-se um dia ,olhe-se ao espelho e diga para si mesmo " EU CONSIGO,EU VOU VENCER..."Pois...
EU VENCI,EU ESTOU AQUI,EU NESTE MOMENTO VIVO..